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Astrologia: perguntas frequentes

O que é a Astrologia?

A Astrologia é o estudo da relação entre os fenómenos celestes e os eventos terrestres. Tem por base a simbologia dos corpos celestes, seu movimento e ciclos. Os símbolos celestes podem ser interpretados para compreender e prever os eventos terrestres.

A base de trabalho do astrólogo é o mapa astrológico, um diagrama que representa as posições planetárias do nascimento do indivíduo ou do momento em estudo. Para fazer a interpretação, o astrólogo relaciona os símbolos presentes no mapa com a pessoa ou evento.

No mapa de um indivíduo, os símbolos astrológicos traduzem aspectos da sua individualidade, indicando ainda as suas principais tendências e comportamentos nas diversas situações de vida.

É uma ciência ou não?

Depende do que se entende por “ciência”.

No sentido etimológico do termo – conhecimento, sabedoria, saber – a resposta é sim. É, de facto, uma scientia, um saber, um corpo de conhecimentos complexo e coerente, com regras e leis próprias. Contudo, se tomarmos o termo ‘ciência’ no seu sentido actual, a resposta será não, pois a sua metodologia difere da das actuais ciências, como a Matemática ou a Química, por exemplo.

A Astrologia rege-se pelos seus princípios e tem a sua lógica e coerência próprias, pelo que não precisa de ser “aprovada” pela ciência oficial para ser considerada digna de ser estudada. Isto, contudo, não implica falta de coerência ou de clareza, nem deve dar azo a aproveitamentos oportunistas por parte de indivíduos sem preparação astrológica.

O que é a Astrologia Tradicional?

A Astrologia Tradicional, por vezes referida como Tradição Astrológica, consiste em todo o manancial de conhecimento astrológico praticado desde a época helenística até ao final do século XVII. Estes saberes são herdeiros directos das civilizações babilónica, grega, árabe e europeia medieval.

A prática da Astrologia, que conheceu tempos de grande esplendor, enfraqueceu gradualmente por diversas razões, tendo quase desaparecido no final do século XVII. Começou a ser recuperada nos anos 80 do século XX, com a (re)publicação do livro Astrologia Cristã, do astrólogo inglês William Lilly (1602-1681), e a tradução de várias obras da época helenística e medieval. Estes livros trouxeram aos estudantes e praticantes contemporâneos a noção de que a prática astrológica antiga era muito mais complexa e rica que a actual. Esta descoberta motivou uma vaga de estudos e traduções de obras antigas que, aos poucos, revelaram a Astrologia em todo o seu esplendor: uma disciplina académica de grande riqueza e profundidade, capaz de oferecer interpretações de inigualável precisão, em qualquer área da experiência humana.

Qual a diferença entre a prática tradicional e a contemporânea?

A Astrologia contemporânea é uma reconstrução incompleta do pouco que restou da Tradição após o seu declínio no séc. XVII. Depois de uma longa fase em que se viu reduzida a um passatempo dos salões mundanos, a Astrologia ressurgiu no final do século XIX, na sequência dos movimentos de revivalismo espiritual. Porém, nessa altura a tradição astrológica estava muito diluída, tendo os seus princípios fundamentais sido esquecidos ou deturpados. Seguindo a mentalidade reformista desta época, alguns autores decidiram “modernizar” a Astrologia. Infelizmente, os seus conhecimentos astrológicos eram parciais e fragmentados, pelo que as suas reformas não lograram obter os melhores resultados. Estas reformas alteraram muitos dos princípios e técnicas fundamentais da Astrologia, e deixaram de parte a vertente preditiva (que constitui o núcleo fundamental desta Arte). Mais tarde, alguns praticantes tentaram preencher este vazio com conceitos avulsos de psicologia, psicanálise e auto-conhecimento.

Desta forma, a Astrologia contemporânea é feita de retalhos, carecendo de coesão de regras e de princípios fundamentais, já que não integra muitos dos conceitos e princípios basilares da prática tradicional.

Mas não será a Astrologia contemporânea uma evolução da tradicional?

Não, porque há um corte significativo entre as duas práticas. A contemporânea parte de bases diferentes, reconstruídas a partir de parâmetros incompletos, enquanto a tradicional reata o legado dos antigos praticantes. Embora partilhem bases idênticas (a interpretação dos movimentos dos astros e suas consequências na Terra), a filosofia subjacente e o raciocínio interpretativo são muito diferentes; além disso, a contemporânea integra muitos factores extra-astrológicos, alguns dos quais antagónicos à própria filosofia subjacente à Astrologia.

Quais as diferenças práticas entre as duas abordagens?

Há diferenças técnicas e filosóficas, cuja explanação se tornaria extremamente longa. Em termos práticos, a Tradição tem um núcleo de regras e fundamentos muito claros, definidos, coerentes e estruturados sobre bases sólidas. A sua aplicação não varia consoante a opinião pessoal de cada praticante; mesmo quando um autor clássico apresenta uma variante interpretativa retirada da sua prática pessoal, esta é sempre coerente com o núcleo de regras fundamentais da Astrologia. Além disso, a Tradição tem uma base preditiva, que tanto se aplica aos comportamentos e talentos pessoais, como à antevisão de épocas de vida ou mesmo a eventos.

Por seu turno, os sistemas interpretativos modernos não têm um núcleo de regras essenciais bem definido e fundamentado, pelo que dependem muito das opiniões e crenças pessoais dos praticantes. Este facto confere um carácter muito ambíguo e vago aos seus resultados. Muitas vezes as interpretações procuram emular modelos psicanalíticos (que nada têm de astrológico), o que resulta em interpretações confusas, perdendo-se a faceta preditiva, essencial à Astrologia.

E os planetas modernos, Urano, Neptuno e Plutão?

Como não são visíveis a olho nu, os planetas trans-saturninos não fazem parte do sistema astrológico tradicional, que se baseia naquilo que é visível a partir da Terra. A Tradição, com toda a sua complexidade e eficiência, não contempla o uso destes corpos celestes e funciona perfeitamente sem eles.

Até ao final do séc. XIX os astrólogos hesitavam em incluir Urano e Neptuno nas suas interpretações, pois os seus efeitos astrológicos não eram conhecidos. Só a partir do séc. XX é que a sua utilização astrológica se torna prática corrente, gerando muitas teorias quanto aos seus efeitos. Um breve estudo da “evolução” dos atributos astrológicos conferidos a estes corpos celestes revela muitas lacunas e muita especulação teórica quanto às suas propriedades. Muitas delas foram aceites como certas sem que tivesse havido oportunidade de testar os seus efeitos na prática. Além disso, a metodologia usada para descobrir os atributos destes planetas é, também ela, muito questionável.

Em resumo: a função actualmente atribuída a Urano, Neptuno e Plutão (assim como aos asteróides e outros corpos celestes menores) tem fundamentos práticos muito dúbios. A sua aplicação na interpretação astrológica deve ser bem ponderada, pautando-se sempre por uma atitude experimental.

Quais as vantagens de aprender a Tradição?

Quando devidamente compreendida e aplicada, a Tradição oferece ao estudante a essência da Astrologia. Consolida e organiza os conhecimentos, permitindo a sua aplicação de forma eficiente e coerente, sem ambiguidades nem contradições.

É verdade que a Astrologia Tradicional tem um cariz fatalista e limitativo?

Não, isto é um conceito erróneo, embora muito comum. Tem origem em opiniões de quem nunca estudou nem praticou devidamente o sistema tradicional.

A Tradição tem, acima de tudo, uma abordagem pragmática, muito prática e directa. Contempla aquilo que o indivíduo é, e esclarece sobre a melhor forma de desenvolver as suas capacidades, de acordo com a sua constituição natural. Não perde tempo fazendo promessas de “evolução” que levam o indivíduo por caminhos contrários à sua natureza e que o julgam e que, muitas vezes, lhe negam a própria identidade.

E a componente psicológica que tanto caracteriza a Astrologia moderna, tem lugar na Tradicional?

A Tradição Astrológica tem métodos próprios de estudo da personalidade, com técnicas sofisticadas e precisas, capazes de descrever o comportamento, a mentalidade e as motivações de um indivíduo. Em suma: estes métodos retratam através da Astrologia a dinâmica psicológica individual. Este estudo só não tem a designação de “psicológico”, porque este termo só surgiu no final do século XIX.

Na Astrologia Tradicional há lugar para o desenvolvimento pessoal e para a espiritualidade?

Claro que sim. Sendo a espiritualidade uma componente fundamental da vida de qualquer ser humano, esta está claramente contemplada na Tradição. Esta aborda o tema de forma clara e pragmática, dando indicações consistentes e de aplicação directa. Assim, a interpretação tradicional descreve a postura de um dado indivíduo perante temas como a religião ou as práticas ditas espirituais. Ao contrário de muita da suposta “astrologia espiritual”, não se perde em divagações pseudo-esotéricas nem em moralismos simplórios.

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